O deputado federal Fernando Jordão (PMDB) teve seu primeiro requerimento apresentado na Câmara de Deputados aprovado por unanimidade. O documento, entregue hoje à Comissão de Minas e Energia, da qual faz parte, solicitava esclarecimentos aos presidentes da Eletronuclear, da CNEN e da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) sobre seus sistemas de segurança. Em Angra dos Reis, ele também comentou sobre o entrave que os problemas da estrada Rio-Santos causaria a um Plano de Emergência no local.
- Fui prefeito de Angra dos Reis por dois mandatos. Nesse período sempre mantive uma relação de transparência com a Eletronuclear. Questionei as condições de nossos acessos, como as rodovias Rio-Santos e a RJ-155, e cheguei a segurar a liberação da licença de construção de Angra 3, em função dos riscos gerados pelas condições das rodovias que atendem o município. Mas hoje continua sendo o Plano de Emergência, que precisa ser encarado de forma séria tanto pelas autoridades quanto pelos moradores, que necessitam ter mais informações e confiança no trabalho - justificou o parlamentar ao apresentar o documento.
Jordão já havia mencionado a necessidade de elaborar um Plano de Segurança contra tragédias durante seu primeiro discurso na Casa, mas reconheceu que os últimos acontecimentos no Japão ajudaram a também alertar os colegas quanto à questão. - Foi meu primeiro requerimento e já foi aprovado, e por unanimidade. É muito difícil que o primeiro seja aprovado. Mas está todo mundo preocupado e eu estou mais ainda, porque sou de Angra - assumiu.
Segundo o requerimento, os presidentes das empresas devem prestar esclarecimentos à comissão na própria Câmara de Deputados e a reunião deve acontecer já na próxima quarta-feira. O grupo também decidiu que definirá uma data para visitar a usina nuclear de Angra. - Hoje foi a primeira reunião. Decidimos que vamos visitar a usina em uma data a ser marcada. O momento de chuva é outro, a situação é outra e tem que programar como executar um Plano de Segurança. Sou a favor do plano de energia nuclear, mas é importante rever como a coisa tem sido feita e partir daí levantar o que pode ser feito para melhorar a segurança - acrescentou.
O plano, segundo ele, deve englobar todas as possíveis tragédias e até mesmo a infraestrutura dos locais.
- Não se pode falar de um plano de emergência com a Rio-Santos do jeito que está. É preciso, antes, um plano de recuperação e duplicação da estrada, um estudo técnico para nos precavermos se tiver algum problema e termos como sair do local do problema - apontou, frisando que não é contra o Programa de Energia Nuclear.
"Não estamos contra o Plano Nacional de Energia Nuclear, é uma energia limpa. Estamos é preocupados. O próprio Japão, com sua população treinada, experiência, tem gente sem o que comer, imagina aqui?". Mais uma vez, o deputado sugeriu um plano abrangente de segurança. - Precisamos de um plano que envolva tudo: tempestade sobre a usina; treinar mais; executar mais; educação de prevenção para as crianças; melhorias para o aeroporto de Angra, que está precário e não vai dar para usar na hora que tiver problema - enumerou.
Prefeito de Angra elogia segurança das usinas
O atual prefeito da cidade, Tuca Jordão (PMDB), também comentou a questão da segurança em Angra dos Reis. Apesar de concordar com o deputado quanto à necessidade de melhorias na Rio-Santos, ele afirmou que existe um trabalho preventivo na cidade e elogiou os procedimentos atualmente adotados. - O que aconteceu no Japão foi em função de um terremoto e um tsunami. Aqui nós não temos nenhum dos dois. E mesmo que tivéssemos, as usinas estão preparadas para abalos de 7.0° na escala Richter e ondas de até seis metros. Quanto à operacionalidade da usina, não tenho nenhuma reclamação. Não vejo problema algum, até porque a história mostra o contrário. A usina não teve acidente nenhum em seus 30 anos - declarou.
Segundo o prefeito, o trabalho de prevenção inclui um Plano de Emergência feito em conjunto entre órgãos federais, estaduais e municipais; um trabalho informativo feito pela Eletronuclear, responsável pelo gerenciamento da usina; e os treinamentos periódicos realizados junto a diversos órgãos e à população. Além disso, afirmou que a situação das usinas japonesas é diferente das de Angra. Sobre a estrada federal, entretanto, pediu mais atenção para sua manutenção, lembrando que, apesar de ser a principal rota de fuga da cidade em uma situação de emergência, sempre sofre com deslizamentos em situações de calamidades naturais.
O prefeito explicou que a estrada começou a ser construída na década de 1970 e que, de lá para cá, a população do município cresceu muito e que das três saídas que Angra possui, duas são através da rodovia: uma na direção de São Paulo e a outra na direção do Rio de Janeiro. Por isso, disse estar constantemente reivindicando ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) mais atenção para a rodovia. - O Dnit tem que ter um carinho especial com a Rio-Santos. A estrada está com trafegabilidade normal, pois o Dnit vem trabalhando, mas o que me angustia é a velocidade da manutenção. Se tivermos as estradas em boas condições de trafegabilidade, não teremos problema nenhum - lamentou.
Assim como o deputado, também levantou a necessidade de duplicação da via até Paraty. Hoje, 27 quilômetros são duplicados, sendo do início da rodovia, partindo da Avenida Brasil, até o trevo de Itacuruçá, em Mangaratiba.
O secretário de Governo e Defesa Civil, Carlos Alexandre Soares, comentou que a função da Defesa Civil municipal é a de coordenar as ações da prefeitura de Angra no Plano de Emergência, como, por exemplo, dar abrigo a parte da população em escolas municipais, nos casos em que a evacuação for necessária.
Ele também relatou que a Defesa Civil municipal faz parte do Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR). O Copren faz o planejamento das ações dos exercícios de treinamento para casos de emergência. O comitê ainda reúne representantes da Eletrobras, Eletronuclear, Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Secretaria Nacional de Defesa Civil, Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Corpo de Bombeiros, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Sua próxima reunião deverá ser realizada na segunda quinzena de abril.
fonte: http://diariodovale.uol.com.br
